Cartas desfeitas
Desfaço nesse momento a última
carta que escrevi para você.
Cartas que foram enviadas ao sabor
da paixão dilacerante que
nasceu em meu peito .
Você , a inspiração doce do passado e a
ilusão amarga presente nessas linhas.
Coloquei minha alma aos seus pés
com a pureza da água que
verteu dos olhos meus.
Nada me restou do começo promissor
de um futuro romance.
Não devo lamentar as palavras ditas ,
escritas em folhas de papel branco que
quis colorir cm as mais suaves e
tênues cores da vida.
Restam-me a saudade e a lembrança
do que junto a você vivi.
Lágrimas pequenas visitaram meus
olhos quando li a recente mensagem
que você me enviou.
Falava de uma praia em Aracaju
e do pequeno objeto marinho encontrado
e que suscitou em você a minha lembrança.
E se bem me recordo foi esta a primeira
vez em que você fez menção a alguma
imagem minha aflorada em seu pensamento.
Fato inusitado que fez o amor adormecido
inundar uma vez mais a minha
alma doce e cálida.
E vi a poesia no seu gesto e na
promessa de me entregar, algum dia ,
o referido achado.
Sei que você continua vivo em sem tempo...
Talvez em dezembro? Não sei
Amigo? Não pergunte a um coração
apaixonado se a amizade o consola.
Isso não faz mais sentido.