Não me posso libertar...
Não me posso libertar...
Alegram-se as aves a chilrear,
Sob os freixos onde estou a descansar,
Mas não é neles que estou a pensar,
É em ti, sempre e sem cessar.
Tento da minha mente desviar,
A tua imagem, mas teima em ficar,
Não consigo fazê-la parar,
Agarrou-se e não se vai soltar.
Não posso de teu encanto me libertar,
E para além de ti não posso enxergar,
É um amor que continua a medrar.
Já ninguém o pode controlar,
Até gostava de te mostrar,
O canto onde se veio abrigar.
Não sei se irei suportar,
O dia que certamente irá chegar,
Em que me irás abandonar,
E não mais me vais falar.
Sei que me estou a afundar,
Num poço que não sei onde vai dar,
Só tu me podes guiar,
Para o caminho certo encontrar,
Mas terás tu vontade ou vagar,
De mais tempo me aturar,
E teres dó do meu penar?
Eu queria poder domar,
O meu coração e negar,
Que te amo, que é a brincar,
Mas deixei-me há muito algemar,
E não consigo descortinar,
Nesga por onde possa escapar.
Não posso nem quero apagar,
Da memória o teu lugar,
Ele há-de para sempre ficar,
Comigo, não o vou expulsar,
Irei sim, amar e acarinhar,
Esta célula até se desintegrar,
Ou o mundo… enfim acabar!
Mas ninguém me vai silenciar,
Pôr limites ou travar,
A amizade que te estou a dar,
Isso, não se pode negociar:
Dou amor a quem quero dar,
E mesmo que o vás recusar,
Ele irá sempre gravitar,
Nas órbitas do teu olhar.
Enquanto minha vida durar!!!