A LÁGRIMA É a DROGA

A seiva que te umedece o fruto

desperta a fome depravada dos cavalos alados no teu encalço

esparramando desejos pelo universo que viram estrelas tremelódicas,

porque mais do que fêmea e suculência, você é o anjo tão fêmeo,

mas fêmeo tanto que se faz mulher no prazer de um deus

que estende no holocausto de uma meiguice toda indomável

a aurora escorrendo da tua baba em chamas,

pois o teu sexo é uma teoextesia

toda esculpida em intensidade e devoção visceral,

e aonde eu espalho os sentidos inflamados pela tua oferenda

o sol nasce despindo a máscara da medusa

Centauro marginal das noites solitárias

sou um vampiro quadrúpede e privado do teu sangue,

onde mais te vasculho as entranhas de vítima

alegremente violada pelo assassino

que na umidade do sonho?

Pouco importa se eu sou Bem ou mal-vindo no céu,

não é hora de morrer, e porque sou uma realidade

falsificada como lenda entendo que o dia é só um truque

para que ninguém perceba: é pela noite

que se resolve a questão, seja como for estou preso

pois tenho o sexo cravado na rosa que é o abismo escaldante da depravação e da vergonha

e na minha solidão a lágrima é a droga

que vicia o abutre a voar em volta