Quando Chora o Payador
A guitarra ouve o silenciar
Da boca cerrada do seu Payador
Porteira d’Alma que quer se fechar
E quedar silente porque dói de Amor
Ele emudece porque não agüenta
Quando o Amor se ausenta
Levando o que é seu
Deixando o abandono
Ao Rei sem entono
Que virou plebeu
As cordas mais tensas
Com as notas suspensas
No braço de lei da guitarra...
Acompanham o luto
E o sofrer tão bruto
Da humana cigarra
Apenas sussurram as ondas na madeira
Da “ prima” na nota que foi derradeira
No último acorde que ainda vibra
Do fim da payada de um amor sem fibra
No triste selar do sinete
Que tombou das cordas os dedos ginetes
No pulo da ausência que foi tão fatal
Ao Amor de lenda com sabor de Real.
Como sofrem as cordas distantes dos trastes
E a madeira “empenada” completa o desastre
Da mais triste cena de perder o Amor
O que a vida inteira venceu nossa dor
E agora calado atirado chorando
Dá vitória ao mal, em silêncio cantando.
Mas o que consola ao consolador,
Se o fim da payada do amor findando,
Finda o Payador?