O ciúme das ciumentas...
Ela veio me dizer no fim da noite que me amava,
e que estava com ciúmes das outras ciumentas,
porque eu não dava mais atenção ao seu coração,
por estar distribuindo meus sentimentos à granel,
como se amar alguém fosse apenas colecionagem,
juntando amores como quem junta fotos em álbuns.
Claro que isso mexeu comigo no fundo lá da alma,
porque mesmo confessando amar-me todo liberto,
isso já não estava mesmo sendo possível controlar.
E como chuva de granizados...já fui sendo atingido
de todos os lados, até descobrir que nem tinha lado,
porque estavam revirados nas unhas do cruel ciúme,
que agora me transformava em vítima número um,
e do qual não conseguia mais ter a paz das almas,
porque elas estavam como que presas no purgatório,
esse lugar decantado por Dante de seu dantesco ser,
pois os ciúmes são uma mostra de que o pecado existe,
porque ninguém pode ter paz tendo de viver de ciúmes,
essa morbidez que atinge milhões e milhões de pessoas,
em geral aquelas que vão chegando dizendo-se traídas,
porque você no seu arquivo resolveu abrir novas pastas,
para perscrutar se não seria possível combinar ciúmes
fracos, médios, ou aqueles insuportáveis, os tais fortes.
Ah...então eu não posso te trair...mas você até pode !
E fico aqui como um esgrimista lutando com espadas
que nada são diferentes das línguas feitas de intrigas,
e invasões da privacidade alheia para logo Sherloquear
se você está tendo um affairzinho com alguenzinho...
E a xeretice alcança graus de alta insuportabilidade,
com todos se investigando de repente num fim de tarde,
ou mesmo naquelas madrugadas geladas de um junho.
Ah...retire tudo o que eu disse ontem seu grande traidor.
Você me engana nas barbas do profeta seu enrolador...
mas você me paga...vai ver o que eu vou fazer...vai ver.
Estremeço...porque o ciúme é capaz de tudo, sem dúvida.
O ciúme usa o que encontra pela frente até facas afiadas,
e ela hoje está assim...se me pega vai acabar comigo...
Depois de dois dias ela acalmou...refletiu nos inusitados
recursos que a reflexão pode trazer nesses momentos
em que a raiva pode desmontar até o Colosso de Erodes.
Uii... depois vem essa mansidão do desgaste dos ciúmes,
e os ouvidos se abrem de novo para o mesmo diálogo
que era conhecido.... esse de não querer-me a seus pés.
Vem um abraço de desculpas...depois mais um e outro.
E depois umas lágrimas...essas não de raiva incontida,
mas de alegria...de felicidade...porque o tufão passou...
Então o ciúmes se esgota num cansaço de luta inglória,
e ela me abraça, e no final reconhece que foi exagerada
em tudo o que fez, e em tudo aquilo que de raiva disse...
Como que para compensar todo aquele ciúme gasto,
ela pega minha mão e a coloca em sua cintura fina,
e agora sei que o cachimbo da paz já foi até fumado.
Há então em mim uma sensação de vazio ...e desejo.
Amanhã eu sei que nova batalha dos ciúmes chegará,
mas hoje...ela permitiu a mim e a si mesma uma trégua,
que eu sei que não vai durar muito até a próxima luta...
Mas agora não quero nem pensar nesse ciúme mórbido,
porque sei que ela vai me amar em dobro...nesses dias.
Hum...nestes momentos acho que o ciúme agora é amor.
Então ela me beija...e seu beijo é doce...sem ciúmes.
Hum...como ela está carinhosa...só vendo !!!
E eu ...hum...adivinha, rsrs.
=o=o=o=o=o=o=o=o=o=o=o=o=o=o=o=o=o
Poesia que fiz em l8-06-09 às 17 h em SP
Lua minguante – sol fraco – 18 graus
Beijos e abraços para você...Boa sexta...
=o=o=o=o=o=o=o=o=o=o=o=o=o=o=o=o=o