Apresentação de Marionetes...

A minha saudade levou-me

A mexer estranhos cordéis;

- Emaranhei-os todos...

Mas em meio às lágrimas

Sou obrigada a sorrir:

- Os emaranhados cordéis

Trazem-me lembranças

Felizes,

Um pouco fora de ordem!...

Olham-me estupefatos os passantes:

No choro, consigo rir!...

Os cordéis emaranhados

Tem as cores do Arco-Íris!

...Todos tentam descobrir

Quem foi que os enredou...

Sento.

Pego todo o emaranhado

Que não deixa de ser lindo;

Ponho os sonhos no meu colo,

Meus “emaranhados cordéis,”

Caleidoscópio de imagens

Do vivido e por viver

E vou, tristemente,

Desenrolando um por um...

Lembro-me do “nó górdio,”

E muito pacientemente

Desmancho os tiranos nós...

Desfaz-se o caleidoscópio...

Tudo volta ao seu lugar.

(- Mas como fica sem graça...)

Quando chega o outro dia,

Para o assombro de todos

Tudo está em seu lugar,

Cordéis desembaraçados...

Mas há um sonho que não vem...

E uma mulher retém

Os seus sonhos escondidos,

Uma vez mais...

Mas o sonho é sustentáculo

Da esperança e do bem!...

Chega a hora do espetáculo.

Chega a hora: - Onde ela está?

- Estava ontem! Não vem?...

Deixou tudo “bem certinho”:

Pronto pra começar;

Mas sem ela não tem como!...

Um olhar mais acurado

Vê pingos de sangue no chão;

Chama, então, a atenção,

Dos atores desta peça...

Saem por entre os caminhos

Seguindo rastros de arminho

Pedaços que, sobre o chão,

Ficaram presos em espinhos...

Encontram a sua senhora

Co’os dedos ensangüentados

E os olhos ainda molhados...

Machucadas suas mãos...

Inerte. Gelada. Fria...

- Sem seu riso de alegria

Como iremos atuar?...

O corpo estava sem vida

A voz não seria ouvida

Nunca mais...

(O grande palco da vida

Se leva uma estrela, outra traz...)

Substituem-se pessoas...

(Para alguns, isto é tão fácil...)

- Mas como queriam que eu ficasse,

Sem minha saudade, meus sonhos?

Queriam que eu me anulasse

Pra ver seus rostos risonhos?

- "Tudo certinho”, outra vez...

Eu cumpri o meu dever.

Mas não aceito essas regras

Se não forem pra Viver!...

- Não há vida sem amor,

Sem sonhos, sem uma cor...

Se renunciar é preciso

Eu já irei... Sem aviso...

- Não venham me procurar!!...

Eu não quero “interpretar”!...

- Eu prefiro o meu sonhar...

Meus emaranhados cordéis

Que me trazem meu amor!...

- Que outros encenem "papéis"...

Que ensaiem até com desvelo,

e enganem o público pelo

poder de muito ganhar...

- Muitos podem se enquadrar

na Arte da "encenação"...

Mas eu, não tenho ambição:

o meu segredo é Amar,

meu rosto limpo mostrar,

cantar a minha paixão!...

- Se assim não posso viver,

...Mil vezes, quero morrer!...

ESPERANÇA
Enviado por ESPERANÇA em 17/06/2009
Reeditado em 17/06/2009
Código do texto: T1654027
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