Correnteza
Como pode esse desejo
Arder no peito tanto
Se não há de igual
Tão forte anseio
Que acalme a viva alma
Deste mar em pranto?
Como pode a luz da lua
Teu fino rosto transformar,
Pintar teus olhos de vontade,
O peito alvo revelar;
Se quando vem o dia
Já não és meu mesmo par?
Pois ouça o canto das marés,
O fio forte, correnteza.
E se um dia o forte abalo
Destas ondas vier te inundar,
Saibas que deste lugar
Não serei mais estado.
Já me terei levado,
Pois sempre fui aquela
Que das ondas se deixou levar.