A "prima-dona"...*

Desce o pano.

Aplausos: "Bravo! Bravíssimo!"

... Aplausos... Para quem?...

Meu sorriso de gueixa inexpressiva,

Impossível de se ler,

Fica belo e impassível.

Curvo-me ante os aplausos...

(- Quem os quer?...)

E esvazia-se o teatro...

O teatro para mim, embora cheio,

Estava vazio como o deserto.

(- Tu não estavas por perto...)

A fantasia é despida

E dos olhos da “prima-dona”

Nasce o pranto... A dor sentida...

- Falta-me o ar:

Vou à rua!

Ilustre desconhecida

Sem meus faceiros disfarces...

Sou a mais apagada

Figura dos camarins

Nas noites que não tem fim...

Alguém conhece o segredo

E pensa:

- Além do seu medo,

É talvez a mais humana,

Pois sofre e não reclama...

Vive sorrindo... A fama

Exige-lhe este papel...

Mas quando a peça termina,

Volta a ser a menina

Que procurava por ti...

A maquiagem deserta

E fica à descoberta:

Triste rosto... Percebi...

- Vem amiga! Dá-me o braço

Quero te dar um abraço

Pela beleza que ouvi!...

Mas ela não lhe dá ouvidos...

Recoloca seus sorrisos

estranhos, de "Mona Lisa",

E diz: - Obrigada, já vou...

E se perde nas ruelas

Escuras, tristes como ela

E como a noite ficou...

- A “prima-dona” e o palhaço

São semelhantes... Não crê?...

Um, desperta as alegrias,

A outra, as fantasias...

- Mas... Quem é mesmo que os vê?...

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Obs. "Prima-dona" é o modo de designar uma cantora lírica, solista, a 1ª soprano de um grupo de canto ou ópera, a figura de destaque, que possui um dos papéis principais na apresentação musical cantada.

ESPERANÇA
Enviado por ESPERANÇA em 17/06/2009
Código do texto: T1653144
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