Os do “Dia Logos” Racionais

O que importa é que não dorme a noite quando dormem os outros, para a gente viver. Dorme no noturno dia que ao nosso boêmio olhar é açoite e tortura ao suicida relógio que trabalha para sem corda morrer. O que vale é que a madrugada levanta cedo: à meia-noite, horário dos uivos, sem medo. E só se deita quando o sol, que ela não queria,estupra, sátiro, com milhões de pênis, de energia à adolescente filha mulata da noite com o dia, que não pode fugir do polvo da ejaculação vazia; que a abraça, prende, abusa, estraçalha e assassina. E, depois, a deixa atirada, sem sonhos, pobre menina! Desmaiada na mesma cama, entre a noite e nós, a criança que cresce no sono coletivo, até acordar adulta e prostituta para fazer sua vingança, encobrindo com seu negro manto a cabeça do brutamontes, para decapitá-lo no cepo das horas com a navalha do horizonte. O faz para o nosso deleite, dos notívagos. Seu sangue corre arrebol. Nós que preferimos as luzes artificiais em lugar da natural do sol, porque as podemos controlar para produzirem os amigos sombrais de quem tiramos os pesados sapatos e, sem as meias verdades que são inteiras mentiras, podemos descansar os pés, extremidades mais profundas e dolosas das doídas raízes cerebrais - sim, porque somos um imenso cérebro! – já que não sabemos caminhar no pedregoso e ofuscante caminho, nem compreendemos os do “dia logos” racionais, que ao nos manterem vivos alongam nossos ciclos, doutores sádicos e torturadores, para morrermos mais a cada noite branca de negras estrelas.

(Aldo Urruth)

Aldo Urruth
Enviado por Aldo Urruth em 17/06/2009
Reeditado em 08/06/2015
Código do texto: T1652768
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