A CAÇA E A LOBA (Nossa fome agradece) - Retrô

Na penumbra de sua solitária noite;

Ela me encanta qual sereia e me provoca com seus uivos;

E passeia nua, pedindo que meu cobertor lhe acoite;

Prometendo temporais de libido em meus horizontes ruivos!

Ela fareja o paladar da minha extrema volúpia;

De sua boca glutã brota a sede pelas fontes de minha juventude;

Foge da minha cilada e destemida me caça por sua rota dúbia;

Uma lôba predadora, mirando-me qual presa de sua atitude!

Jamais me deparei com tamanha fartura;

Nem as tâmaras e amoras são comparáveis ao seu vinho;

Nem as taças da plena embriaguez legaram-me semelhante tontura;

Como ave do inverno fugitiva, deleitei a minha sanha no seu ninho!

Ela é a diva das manhãs e já foi musa de incontáveis primaveras;

Quem mora em seu cardápio ignora o que seja a míngua;

A audácia de seu olhar despedaça mais que o ataque de dez feras;

As fontes das matas virgens invejam os percursos de sua língua!

Sejam sagradas essas horas formadas de minutos profanos;

Que a sorte me faça vítima de sua impetuosa caça;

Seus uivos dedilham delírios que remetem à emoção dos tangos;

Nem mesmo o passeio das ninfetas desfila tamanha graça!!!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 16/06/2009
Código do texto: T1651735
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