NAVIOS AO MAR
Meu corpo sobre o seu,
a razão a ver navios,
navios sobre nossos corpos
como ondas
de um mar imprevisível.
A força dos nossos corpos
sustentando e embalando navios
como os dos tempos passados,
carregados de escravos.
Navios repletos de sentimentos,
de sensações, de circunstâncias,
de necessidades, de anseios,
de vaidades, de ignorâncias tantas.
Todos nos porões, acorrentados!
Os corpos senhores da imensidão,
indiferentes aos navios.
Ondas a prosseguirem alheias,
rumo ao abrigo do infinito.
E a razão acorrentada no convés...
E um maremoto precipita-se sobre os navios.
Os escravos naufragados morrem afogados.
Mas na fertilidade azul das águas,
renascem em seguida, todos alforriados!