A ALMA QUE SANGRA
A tristeza me cega
e não vejo mais alegria na vida.
A tristeza me nega
o direito de ser feliz.
Deixei de estar
para ser um homem triste.
Estou perdido,
desiludido.
Estou perdendo a fé no amor
e sinto apenas a dor.
Sinto-me vagando num deserto.
Os pés descalços mal sentem o chão.
Em descompasso o coração bate,
em meio à lágrimas os olhos ardem.
O frio irritante não parece ser o bastante,
pra minha alma fria e distante.
Será que sinto prazer no papel de vítima?
Não se trata de uma fantasia.
Meus tormentos são reais,
e acontecem a minha revelia.
Preciso escrever pra não ficar louco,
pois nunca fui de gritar até ficar rouco.
Tornei-me um homem amargo e sem nexo.
Já nem ligo tanto para o sexo.
Logo eu que sempre tive alta libído,
hoje não sei mais a diferença entre o proibido,
e o permitido.
Meus olhos refletem o estado de meu ser.
Nos últimos dias fui agredido
por uma saraivada de palavras de rancor.
Não é que eu posso me isentar de toda a culpa,
mais ainda assim minha alma sangra feito carne crua.
Perco-me em devaneios angustiados.
Perco-me pela falta de bom senso.
Hoje sou um mar de carência,
um náufrago à deriva.
Mas não preciso de corpo, bocas, coxas e bundas,
preciso sim do toque de mãos suaves,
e o abraço confortável de quem gosta de mim.
Mas afinal, quem gosta de mim?