Nem me lembro...

E assim, sem ser, volto-me tido,

redescobrindo o existido a ter.

Perdido, acho-me satisfeito

como se algum desejo me houvesse renascido

e eu, após tanto sofrer, crido

que agora é a hora de voltar a ser feliz.

De mim, jorram-se flores alegres

e resolvo caminhar com a sorte viva

e dizer que minha alma, além de atrevida,

quer amar uma outra cedida

e ser muito mais feliz que antes.

Sinto, volto-me tão tarde a amar

que nem lembro se desaprendi um dia

a esquecer-me de toda alegria

ou ter sido triste forçadamente noutro semblante.