É Por Isto... Que Isto Canto!
Logo eu que não me submeto nem me adestro
A esse modo de viver tão macabro e sinistro...
Eu que sigo apesar de todas dores e não desisto...
Problema delas...Eu prefiro e fico com o melhor do resto
Minha vida é minha e o viver meu alegre manifesto
Ao Amor, que às dores não dou fé e nego o registro
Porque para vítima eu nunca prestei e jamais me presto
Sigo embalando meu sonho que todos dias refloresto
Sou um derrotado por mim mesmo que me reconquisto
Porque se deixá-lo acordar sei que nunca mais existo.
Não há facilidade maior do que levar e curar as dores
E tão é fácil e banal que nada de mais é preciso fazer
O espaço temporal da estrada que leva ao morrer
Se encarrega de transformá-las em amargos vapores
Que soarão nas guitarras e vozes dos pobres cantores
Dos dedos viciados nas cansadas posições menores
Que destoam tristonhas dos acordes das notas melhores
Inventariando a herança das Almas que soam em desarmonia
E que invariavelmente escolhem vibrar as notícias piores
Em ruídos altíssimos que acabam quebrando as taças dos dias
Eu não canto a limpeza dos palácios onde os sujos engordam
Esses que não amam e do mesmo modo que deitam acordam
Porque não há sonhos nessas Almas magrinhas que comem dinheiro
Eu canto é o Amor que apesar das tristezas conservo inteiro
Pra entregá-lo sem um só risquinho à minha Maria, meu Amor verdadeiro!