Passarinho do amor!
Traga-me todas as notícias
Das terras tantas e longínquas;
Traga boas novas para mim
Das terras distantes e sem fim!
Lá mora minha mulher amada
Numa torre gigante, enclausurada;
Chegaste até onde ela está?
Diga-me, passarinho, já!
Viste aqueles olhos pretos pequeninos,
Aquele resplandecente sorriso,
Que, qual sol, reflete esplendor?
Viste, passarinho, viste o meu amor?
Não demore! Imploro-te! Conte-me
Se já viste tamanha e rara beleza,
Obra-prima tecida pela natureza
Que a rosa, ao vê-la, se esconde?
Esconde de vergonha e de inveja
Pois meu amor é mais flor e bela,
É vitória-régia em azulada lagoa,
Lírio do rio transmutado em pessoa!
Passarinho por que choras?
Não me diga que ela foi embora
Que morro agora, nesse instante!
Que ela não me ama como dantes...
Que tudo era apenas vento refrigerante!...
Passarinho está turva a minha mente
Passarinho não “avoa”!
O homem não morre só à bala...
Passarinho!... Passarinho!
Quem cala... Consente!