Monte do regresso
Hoje é domingo de manhã
E a luz já vai nascer
Nada é exatidão
Vejo o primeiro pássaro
No céu planar
suas asas as nuvens açoitar
E um buraco no céu transpassar
Em meu coração
Brota um anseio
Um bel-prazer
De regressar
Quero voltar
Aquela casa pequena
Com chaminé escura com abundante fumaça que saíra pela janela
Quero voltar aquele lugar onde deixei
Meus parentes queridos
Com lágrimas nos olhos
Partindo o meu coração
Aquela casa onde cresci vendo o rio
Cortar a terra de meus pais
Serpenteando a fronte do quintal
Lavrando minha flora esmeraldina
Minha casa que fica além das águas
Em meio a uma cortina
Que envolve a botoeira
Debaixo da neblina
Eu quero voltar
E respirar aquele ar
Que talha meus pulmões
e abarca meu peito
Ver o sol nascer sonolento
Como um pequeno vento
Ao meu rosto incisar
E me fazer recordar
De meus tempos de menino
Como o pássaro
Buscando liberdade
Com sede e vontade
E sem obscurecer
Quero voltar e ver
Aqueles caminhos de barro pisado
Onde meus pés estão gravados
E meu passado reviver
Quero voltar,
Ao meu sonho, meu lugar
Recuperar o que perdi
Quero meu lugar reconstruir
Restaurar as minhas asas
E poder voar mais alto,
Mais auto que meus sonhos
Quero sentir a emoção de poder abraçar
Chorar com os que choram
Querer mergulhar
Alegrar-me com os que se alegram
Aspirar pelas desculpas
Que um dia esqueci de pedir
Perdoar as amarguras
Para poder prosseguir
Quero dar presentes
E ver você sorrir
Realizar dos meus entes
O momento de ser feliz
Volver os meus caminhos
Retornar ao meu andejo
Pois este é o que eu quero
É isto que eu desejo.