O COLAR DE PÉROLAS...
Com o sofrimento e a morte das ostras
Meu colar de pérolas nasceu...
A suavidade das pérolas junto à pele,
A suavidade feminil da inocência,
Tudo era encanto para os olhos teus...
Um dia me trouxeste brincos
Que, semelhantes a flores,
Possuíam lindas pedras na cor azul marinho
(Safiras indianas, talvez...)
E eu os usava com longos cabelos
Com os quais brincavas com tuas mãos de veludo,
Com todo o desvelo...
Hoje meu colo não ostenta mais
O seu colar de pérolas...
Elas desfiaram, uma a uma,
Abruptamente,
Transformadas em lágrimas
Que não pude deter...
Assim como não foi possível recolher as lágrimas
Não foi possível
Rejuntar as pérolas...
Meu colar de pérolas
De menina-moça,
Perdeu-se nas caminhadas da vida...
Algumas foram roubadas,
Outras pisadas, muitas feridas...
As minhas lágrimas foram levadas pelo vento
E, certamente, inundam os teus sonhos
Ainda feitos de mim...
Ficaram-me os brincos...
Das orelhas não mais são ornato,
Mas fazem parte
Das "minhas jóias
De recordações":
Uma pequena folhinha de árvore...
Um telegrama (que os mais jovens nem conhecem!),
Um pequeno cartão,
Um vidro de perfume
E a eterna sensação
Do roçar de tua mão
E do teu beijo com carinho...
Hoje meu colar de pérolas
Não passa de uma lembrança...
E toda a minha saudade
Não passa de uma esperança...
- Talvez perpasse nas tuas andanças
Como lembranças esparsas de outra idade...
Pérolas rolaram pelo chão
Como lágrimas correram
Até a tua mão...
- Eu acordei o passado...
Não tenho perdão!...