ROSAS E ORQUÍDEAS
A manhã fria tocou em meus ombros.
Minha alma preguiçosa e contrariada
tentou se levantar.
A cabeça pesada e mergulhada numa dor profunda,
ainda traz resquícios de mais uma noite mal dormida.
A solidão me faz olhar mais pra dentro de mim
e o que vejo nada tem de animador.
Não sinto mais nada, além da dor.
A dor da frustração e da desilusão.
A dor por saber que realmente ninguém se importa.
Sou um poeta amador.
Sou um ser free lancer,
alguém que está no mundo por conta própria.
Claro que sei: sou o maior culpado.
Semeei o que estou colhendo.
Hoje percorro corredores farpados por espinhos.
No chão pétalas secas formam manchas inexatas,
vagas lembranças das mãos que um dia seguraram
os arranjos românticos de rosas e orquídeas.
Afinal, o que sou hoje?
Onde estou de fato?
Sou um homem amargurado,
angustiado em suas imperfeições.
Alguém que se irrita com a felicidade alheia,
alguém que vê o futuro como um fardo a ser carregado,
e a vida se mostra com a mesma delicadeza
de pedras descendo uma ribanceira.
Eu não desisti do amor,
não enquanto eu estiver vivo.
No meu mais abissal e profundo íntimo,
acredito que vou vivenciar meus momentos
com a mulher que eu amo.
Mas de tão fundo, às vezes esqueço,
que realmente mereço,
ter de volta a alegria no meu coração.