ROSAS E ORQUÍDEAS

A manhã fria tocou em meus ombros.

Minha alma preguiçosa e contrariada

tentou se levantar.

A cabeça pesada e mergulhada numa dor profunda,

ainda traz resquícios de mais uma noite mal dormida.

A solidão me faz olhar mais pra dentro de mim

e o que vejo nada tem de animador.

Não sinto mais nada, além da dor.

A dor da frustração e da desilusão.

A dor por saber que realmente ninguém se importa.

Sou um poeta amador.

Sou um ser free lancer,

alguém que está no mundo por conta própria.

Claro que sei: sou o maior culpado.

Semeei o que estou colhendo.

Hoje percorro corredores farpados por espinhos.

No chão pétalas secas formam manchas inexatas,

vagas lembranças das mãos que um dia seguraram

os arranjos românticos de rosas e orquídeas.

Afinal, o que sou hoje?

Onde estou de fato?

Sou um homem amargurado,

angustiado em suas imperfeições.

Alguém que se irrita com a felicidade alheia,

alguém que vê o futuro como um fardo a ser carregado,

e a vida se mostra com a mesma delicadeza

de pedras descendo uma ribanceira.

Eu não desisti do amor,

não enquanto eu estiver vivo.

No meu mais abissal e profundo íntimo,

acredito que vou vivenciar meus momentos

com a mulher que eu amo.

Mas de tão fundo, às vezes esqueço,

que realmente mereço,

ter de volta a alegria no meu coração.

Deep Blue
Enviado por Deep Blue em 10/06/2009
Reeditado em 15/12/2009
Código do texto: T1641826
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.