CAMINHOS
Juntou-se. Pegou as tralhas e grudou na moça.
Perguntado, só respondia que era amor,
E que só com ela não sentia dor.
Desgrudou-se. Pegou as tralhas e deixou a moça.
Perguntado, só respondia que era tormento,
E que só sem ela não havia sofrimento.
Juntou-se. Pegou as tralhas e grudou na outra.
Perguntado, só respondia que era amor,
E que só com ela esqueceria a dor.
Desgrudou-se. Pegou as tralhas e deixou a outra.
Perguntado, só respondia que era bobagem,
E que só sem ela podia criar coragem.
Encorajou-se. Pegou as tralhas e ficou sozinho.
Perguntado, só respondia que era escolha,
E que só, com ele, entenderia o caminho.
Caminhou-se. Pegou as tralhas e caiu no mundo.
Perguntado, só respondia que era aventura,
E que só viajando, acharia a cura.
Curou-se. Pegou as tralhas e voltou pra moça.
Perguntado, só respondia que era destino,
E que só com ela, seria um menino.
Meninou-se. Pegou as tralhas e trocou a moça.
Perguntado, só respondia que era cansaço,
E que só haveria sentido dando este passo.
Passou-se. Pegou as tralhas e sua velha idade,
Perguntado, só respondia que valeu a pena,
E que só embora iria, se voltasse à cena.
Cenou-se. Pegou a memória da velha moça,
Perguntado, só respondia num suspiro,
E que só morreria por este tiro.
Tirou-se. Da vida.
Não sem antes amar...a partida.