Nesta noite silenciosa e sem estrelas...
Sonda-me...
Nesta noite silenciosa e sem estrelas
O que queres de mim?...
Tu me conheces na minha transparência,
Nada te escondi
E tudo revelei...
Sonda-me...
Percebe minha coerência:
Nada transgredi...
Despi todas as máscaras,
Uma a uma,
E te apareci nua como a lua
Quando aparece docemente no céu
Na beleza de seu esplendor de lua cheia
- A lua dos Amantes –
Despida de qualquer arma,
Sem reservas,
Serena como a esperança que flutua
Nos olhos da amante eterna...
Nesta noite silenciosa e sem estrelas
Sinto meu coração despedaçado...
Fiz o que uma mulher não faz:
Aparecer sem seus véus
E seus mistérios...
Cheguei a ti de alma pura
E te falei minha verdade.
Tua atitude foi dura
Mas eu suportei...
As lágrimas rolaram uma a uma
E nada fizeste para as deter,
Nem um gesto de piedade,
Nem uma fala, um sorriso,
Uma explicação...
Viraste as costas
E eu fiquei
Ferida...
Nesta noite silenciosa e sem estrelas
Uma mulher chora...
- Porque vieste?...
...É triste a hora
De dizer “adeus...”
Mas muito mais triste
É o teu virar as costas
Sem explicação...
O que queres que eu faça de minha vida agora?...
Nesta noite silenciosa e sem estrelas
Uma mulher pede perdão...
- Aos céus!... Enquanto tua visão
Vai se afastando ao longe...
Levas-lhe do ventre a posse...
Cujo sabor de frutas maduras
Quiseste colher ao amanhecer,
Enquanto os primeiros raios do sol,
Radiante e belo,
Coloriam de róseo o céu azul...
Não haverei de ver outro amanhecer...
Nesta noite silenciosa e sem estrelas
Apago-me, qual fraca chama,
Trêmula, mas totalmente sem medo
Do que irá acontecer...
Serei fantasma da noite...
E nas noites silenciosas e escuras,
Sem estrelas,
Eu virei te ver...