RÉPLICAS...
I...
Sou o mar que acolhe todos os rios
Que vem serpenteando por longos caminhos...
Rios que se afastam das pedras,
Rios que pelas pedras passam e as deixam lisas,
Rios que alargam suas margens mais e mais,
Rios que se encolhem para não machucar,
Rios... Sempre rios mudando de lugar...
Rios... Que buscam e vão sempre ao mar...
Para neles se diluir
Ou a ele “renovar...”
Acolho olhares de dor e de alegria
E fico a suspirar... Transformo-me:
- É pura fantasia este meu pensar...
Mas há maior verdade do que doce magia
De sonhar?... Acolher e acalentar?...
Recebo os “rios de prata” que me vêm à noite
E os rios “dourados” pela luz do dia...
Recebo os rios e recebo os sonhos
Que neles fazem e fizeram moradia...
Há os rios calmos que descem pelas matas
E os caudalosos, que me vem bravios...
Acolho os que vêm feitos de cascatas
Pois meu destino é receber os rios...
Recebo a todos... Neles me renovo?...
- Talvez... Talvez sua última morada...
Ouço o que falam e viram... Sempre novo,
Pois eu sou mãe e a eterna namorada...
Eles vêm a mim... Morrer?... Vêm renascer?...
São velhos e crianças todos ao chegar...
Ouço seus lamentos: a nenhum reprovo
Pois sou o berço final aonde vem desaguar...
E assim, quando os rios ‘stão a chegar
E estão sempre, e a cada momento,
Busco mais estrelas para os encantar
Para que sua chegada lhes dê um novo alento...
Pois, afinal, eu sou apenas mar...
II...
Se as mãos são profanas, o olhar é santo
Pois, ao desejo, se lhe decorre o pranto,
O arrepender-se de tanta procura
Do “insano amor pela aventura...”
Se há belezas para descobrir
É melhor cobrir-se!... E não abrir
A caixa de Pandora com seus mil segredos
Pois leva a quem os prova a sentir seus medos...
Se há fragmentos de espelhos a colher
É porque o “todo” não se fez querer,
E tanto amor, tanta paixão e encanto
Foi desdenhado, e se formou em pranto...
“Insanas aventuras de amor”! Seriam diferentes
As procuras de amor, tão loucamente
Buscadas por mulheres que foram machucadas
E no seu amor, foram desprezadas?...
Os homens não buscam “um amor insano”?
- Qual é o amor que não é profano
E Santo ao mesmo tempo, se tem o seu Valor?
Não haveria jamais outra saída...
- E só a “insanidade” é percebida?!...
Os tristes todos precisam seu chorar...
Feliz é aquele, que nesta vida louca
Achou paixão e amor apenas numa boca
E é feliz!... Sem nada a lamentar!...