O vôo

Na intranqüilidade dos ares,
Os aviões abandonados...
Numa das aeronaves que caíram
É que tranqüilamente tu viajavas

E tua volta esperei todo o tempo
Tranquilo e sem aflição,
E extingui de ilimitadas extinções
Conservando sempre a mesma face.

Quando o vento te desequilibrou
Meus olhos, entre nuvem e céu,
Ofuscaram quais os das esculturas,
A tudo que há de ausente.

Meu corpo voara pelos ares
E faleceu ainda na atmosfera,
E empalideceu; a dor não senti
E na lembrança somente a espera.

E o amor que eu a ti levava
Soltou-se e afundou no mar:
E quem sabe ele ainda jaz
Dentro das águas a borbulhar.
R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 07/06/2009
Reeditado em 07/06/2009
Código do texto: T1636468
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