Aos Bombos de Inti
Ele é de pele e madeira
De história e tradição
É a vontade e a mão
Unidas de tal maneira
Que se ouça a cordilheira
E as asas dos condores
Elevando seus louvores
Aos céus do sagrado Inti
Pedindo que ele nos pinte
Para a guerra aos opressores.
Ele é o rei dos tambores
E até o tímpano se ajoelha
Porque ele é um pele vermelha
E seu grito é o dos tremores
É a voz dos antecessores
Coração dos ancestrais
Que cada vez batem mais
Em cada bombo tocado
Pois eles trazem agregados
Homens, madeira e animais.
Ele não soa com medo
Nem tem receio aos perigos
Porque lutou com os antigos
Carregando os seus segredos
E avisando ainda cedo
Da chegada do invasor
Que só por ser traidor
Conseguiu ganhar a guerra
E banhar a nossa terra
Com puro sangue e horror.
Ele é bem mais que um tambor
É semente musical
Da escala original
Que compôs o criador
Para o homem tocar o amor
Nas trilhas da natureza
E nos mostrar com certeza
Que é real sua existência
E que a música é a essência
Que nos liga a sua alteza.
Este é o bombo legüero
Que tantas léguas caminha
Levando a tua e a minha
Vontades de ser guerreiros
Como eram os primeiros
Que combateram os tiranos
Assassinos desumanos
Que ainda hoje nos exploram
Sem se importar por que choram
Os latino-americanos.