De Volta Para Casa
Quantos invernos hei de passar por aqui
Mirando o mundo inteiro deste céu incaico
Voando com ícaras asas de penas de Condores
Unidas com suarda de llama uma a uma
Sobre cada lado o lado da próxima pluma
Como cada braço sobre o outro estende
Quando se abraçam duas asas diferentes
Num único e poderoso vôo quando sentem amores.
Quantos nós binários hei de passar por aqui
Recordando das naves visitoras que vieram do céu
Riscando nossos sonhos como raios silenciosos
Deixando pedras sobre pedras que estavam espalhadas
Em novas habitações e diferentes hábitos de plantar
Ensinando-nos carinho e novas formas de curar
Antes das naus primitivas que vieram ao novo mundo aportar
Trazendo cobranças de dívidas desconhecidas e não devidas
Ensurdecendo a selva a canhão cavalo espadas e arcabuzes
Destruindo toda a obra e deixando nada sobre corpos
Levando nossa áurea arte como alimento para as cruzes
Da empunhadura das “reais” espadas
E dos “pendentes” dos peitos das malvadas rainhas
Dependurados em falsas e assassinas correntes cristãs
Quantas vezes antes de encontrar-me com Ícaro
Ouvirei que meu povo compreendeu que Inti só se põe a nascer
E que este novo mundo deve movimentar-se corajosa e definitivamente
Sintetizando luz da escuridão da transitória noite
Para iluminar o breve dia de nosso amoroso, eterno
E luminoso vôo de retorno ao passado de infinita Paz.