Confusão lírica

Edson Gonçalves Ferreira

O frio está cortando

A faca mais afinada é a desumanidade

Doce é carinho

O povo de Portugal é tão lírico que eu choro

Cantar fado, não canto, choro sonoramente

Estou cansado de escrever para dizer diferente que te amo

Camões fez versos lindos e Pessoa foi mais além

Mostrou que nem todas as rimas valem um pingo da sua poesia

Escrevo assim como ele, desgovernado, numa confusão lírica

Telefono no meio dos versos saíndo

Afinal, o sangue é a tinta que os alimenta

Já conheci muita gente que diziam ser famosos

Antigamente, eram chamados de monstros sagrados

Que coisa mais horrorosa, monstro sagrado é a sua avó!

Poeta que brilha, brilha, mas é gente comum

É tão gostoso quanto chuchu cozidinho com angu

Se você ainda não experimentou, experimente

Saboroso feijão cozidinho em caldo grosso

Com chuchu, quiabo, angu e carne moída

Comida de pobre? Vem não, caldeirão, vai ver se estou na esquina

Meus versos são assim saborosos

Que nem pães-de-queijo saindo do forno

A gente morde com medo de queimar a língua

Se queimar a minha, você me beija para aliviar, beija?

Beijar é tão bom e relaxa -- dizem os médicos -- não sei

Não sei quantos músculos...

Está achando que estou bêbado ou viajando na maionese

Não, não estou não

Poesia está em tudo é quanto lugar

A maria-sem-vergonha, aquela florezinha linda, que nasce ali e lá

É pura poesia

Tem gente que complica demais

O bom mesmo é ser simples

Ah, não vou escrever mais

Vou me arrumar para me esparramar sobre a poltrona

Assistir a um bom filme

Pensar no meu amor (_ Você acha que eu não tenho, trem!...)

Tomar um vinho e sonhar

Afinal, o sonho é mais do que vida

O sonho é quando meu corpo dorme e minha alma acorda.

Divinópolis, 05.06.09

edson gonçalves ferreira
Enviado por edson gonçalves ferreira em 05/06/2009
Reeditado em 05/06/2009
Código do texto: T1634182
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