Por Tanto Querer


Do esgotamento à satisfação,
do prazer à dor novamente...
Conquistando
por obstinada vontade,
impondo o seu querer,
tornando tudo
o mais na vida secundário.
Criando uma íntima ligação.
Profunda atração
e a ilusão da indissolubilidade.
Não se sabendo em plenitude de saúde
ou acometido por uma grave doença.
O sangue se agita nas veias e artérias.
O coração pulsa forte,
o pulmão busca doses extras de ar.
Na solidez do corpo
o esquecimento da alma. 
A consciência reagindo,
protestando contra a passividade,
mas sendo sitiada pelas emoções,
provocando a exaustão do sentir.
Levando a insano desespero,
onde o querer prevalece
sobre a cambaleante razão.
Desesperando-se por sentir,
mais do que nunca, enclausurada
a força do corpo e seus instintos.
Para logo lhe brotarem pressentimos
que o fazem temer o risco,
que o lembram das feridas do amor.
E, então, o cérebro assume o controle,
chama a atenção do impulsivo coração.
E o coração faz pouco caso,
faz que não ouve,
diz que não viu.
Nesse confronto,
o corpo se confunde,
sente-se completamente exausto,
como que sobrevivente de batalha
onde, num tempo já perdido,
se degladiaram cérebro e coração,
produzindo tantas dúvidas
sobre o que realmente deseja fazer:  
se assumir a fúria do vento,
ou absorver a paz das brisas.
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 05/06/2009
Reeditado em 28/10/2019
Código do texto: T1633396
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