FLORES DE OUTONO
Fito a menina adorada,
tão linda enamorada!
Flor que irradia energia
em minhas tardes sombrias!
Orquídea rara e nobre
que de róseas pétalas cobre
o enfado dos meus dias...
Dias que me perseguem com saraivadas
de frustrações e remorsos em flechas...
Pequeno e singelo arcanjo
a compor doces arranjos
para minha vida de danos...
Danos tais sapatos com cravos enferrujados
perfurando as recordações e rasgando o passado...
Dote meu,
tu me perguntas o porquê de tanta dor
e eu, grato que estou,
não me furto a confessar:
Perdi a que foi meu primeiro alento,
morta no parto de uma maldita cria
que para arrebentar-se no mundo,
arrebentou tudo o que para mim havia.
Revoltado, daquele meu fruto fugi
e nunca mais apareci...
Meu amor, perdoe-me as lágrimas,
há de execrar este monstro diante de ti!
Traço detalhes em espaço e tempo
deste passado de lástima e sofrimento
e ao final diz a minha flor
entre tremores, prantos e tormento:
- Eis que sou a assassina cria
do tudo que para ti havia.