FLORES DE OUTONO

Fito a menina adorada,

tão linda enamorada!

Flor que irradia energia

em minhas tardes sombrias!

Orquídea rara e nobre

que de róseas pétalas cobre

o enfado dos meus dias...

Dias que me perseguem com saraivadas

de frustrações e remorsos em flechas...

Pequeno e singelo arcanjo

a compor doces arranjos

para minha vida de danos...

Danos tais sapatos com cravos enferrujados

perfurando as recordações e rasgando o passado...

Dote meu,

tu me perguntas o porquê de tanta dor

e eu, grato que estou,

não me furto a confessar:

Perdi a que foi meu primeiro alento,

morta no parto de uma maldita cria

que para arrebentar-se no mundo,

arrebentou tudo o que para mim havia.

Revoltado, daquele meu fruto fugi

e nunca mais apareci...

Meu amor, perdoe-me as lágrimas,

há de execrar este monstro diante de ti!

Traço detalhes em espaço e tempo

deste passado de lástima e sofrimento

e ao final diz a minha flor

entre tremores, prantos e tormento:

- Eis que sou a assassina cria

do tudo que para ti havia.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 05/06/2009
Código do texto: T1633237
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