O General
O General continua inerte a
observar os estragos deixados
no campo de batalha.
Imponente em sua roupa de combate.
Olhos atentos e coração duro.
Me pergunto se o general possui
alma, além das armas.
Eu que de perto vi seus olhos
e imaginei vislumbrar neles
uma gota de lágrima pura.
Mas as lágrimas que agora
derramo não são puras.
O sangue que flui do meu peito
pela ferida aberta ao ser
desferido o punhal mancha
não só o corpo, mas a alma.
Fecho meus olhos e só o que
consigo distinguir ao longe,
em sua muralha, é o General
de barba grisalha e sorriso morno.
Não há calor no que se desenha ao longe.
Tento esquecer o que vivi e procuro
um pedaço de chão onde possa pisar.
o campo recoberto de corpos exala
um perfume mórbido que o
General não pode sentir.
o General nada sente em seu
círculo feito nas linhas do
passado que não se fecha.
Ele, hoje, é um solitário que
abriu mão do amor em nome da
guerra que trava consigo mesmo.
Por que, General?
Ouso apenas perguntar.