O General

O General continua inerte a

observar os estragos deixados

no campo de batalha.

Imponente em sua roupa de combate.

Olhos atentos e coração duro.

Me pergunto se o general possui

alma, além das armas.

Eu que de perto vi seus olhos

e imaginei vislumbrar neles

uma gota de lágrima pura.

Mas as lágrimas que agora

derramo não são puras.

O sangue que flui do meu peito

pela ferida aberta ao ser

desferido o punhal mancha

não só o corpo, mas a alma.

Fecho meus olhos e só o que

consigo distinguir ao longe,

em sua muralha, é o General

de barba grisalha e sorriso morno.

Não há calor no que se desenha ao longe.

Tento esquecer o que vivi e procuro

um pedaço de chão onde possa pisar.

o campo recoberto de corpos exala

um perfume mórbido que o

General não pode sentir.

o General nada sente em seu

círculo feito nas linhas do

passado que não se fecha.

Ele, hoje, é um solitário que

abriu mão do amor em nome da

guerra que trava consigo mesmo.

Por que, General?

Ouso apenas perguntar.

Rita Venâncio
Enviado por Rita Venâncio em 03/06/2009
Código do texto: T1630188
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