QUEM QUER ME AMAR? (Retrô)
Há em mim um vale cortado por um rio de suor e lágrimas;
Sem ele, já teriam se digladiado todas as minhas desavenças;
Por vezes se avermelham minhas faces, noutras se acham pálidas;
Pela incredulidade de minhas esperanças e pela fé de minhas descrenças!
Meus olhos ainda procuram por minha inteireza;
Porque o mundo é pequeno demais para as minhas ambições;
Quero mergulhar pra nunca mais emergir, nas minhas profundezas;
E não mais ouvir o grito silencioso de minhas solitárias multidões!
Quero uma mão suave que me ajude na travessia;
Um comando amoroso, que estabeleça rumo em tanta deriva;
Alguém que consiga estancar o verter diário dessa agonia;
Que lance ares nos pulmões de minh'alma e faça com que reviva!
Alguém que consiga garimpar algum ouro nas minhas palavras;
Que me deixe despertar, antes mesmo que adormeça;
Que me proteja dos assombros, que me liberte das jaulas;
Alguém que não exija do meu menino interior, que ele cresça!
Assim grita o insuportável silêncio da minha crise;
Quem amaria tão desconsolado choro em forma de homem?
Seria plausível crer, que nas páginas do destino tal pessoa existe?
Ou seria qual miragens, que perante um olhar proximal sempre somem?