O Medo de Perder

Em verdade um seria
desafio para o outro,
mas insistem em se misturar
com a mobília da casa.
São como que um objeto a mais,
na bem cuidada e sensata
decoração no imóvel de sua propriedade.
Insípidos, avessos a correr qualquer
risco emocional,
têm como ponto em comum
as suas passividades.
Medrosos, temem
as próprias contradições
que poderiam alimentar
o fogo de uma discórdia qualquer.
Muito preocupados
em manter as aparências,
vivem a se retribuir
com santificadas comiserações.
Com olhares que apreciam o horizonte
de forma diferenciadas,
estão unidos pela presença compulsória.
Calados, fingindo ser o silêncio
o guardião da estima,
fossem eles um cômodo,
não teriam portas ou janelas,
seriam apenas paredes
que por estranho mistério
não parariam de crescer
até gerarem imensas muralhas.
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 02/06/2009
Código do texto: T1629137
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