Quando se diz “Adeus...”
Quando se diz “adeus” a gente morre um pouco...
- Não! Não é “um pouco”: é aí que a gente morre!...
Principalmente porque toda a alegria
Vai-se com tão pequena fala e tão mentida:
- “Adeus...”
Quando se diz “adeus” o mundo já desaba...
Ainda mais porque o amor jamais acaba
Nesta mentira de separação...
Eu sei:
Há o amor que não mais existe,
E aí não dói dizer adeus!
Mas quando o amor persiste
E cresce a cada dia,
Dizer “Adeus” é a melancolia
Do suicídio feito pelo amor...
Dizer “adeus” quando se quer mais perto
De nosso coração, aquele a quem se ama,
E se renuncia por um bem maior,
Pelo bem daquele que nossa alma clama,
É morrer sabendo: ainda vou viver
Pelas ruelas tristes desta minha vida
A alimentar-me de minhas feridas
E tentar viver... Apesar delas...
Viver sem apagar o fogo da paixão,
Viver sem a calma de uma companhia
Que nos inspira pensamentos bons,
E nos faz querer crescer a cada dia,
Para se lhe ofertar o que há de melhor,
Não se confunda com vã covardia!...
Só quem tem um amor corajoso (e imenso!)
É capaz de passar por isso em galhardia, penso,
E ainda colocar um sorriso sobre a face...
É chorar todas as lágrimas em recolhimento
E viver o dia a dia sem lamento...
Sorrir por fora e sufocar por dentro
Um pobre coração que já não mais se empolga
Com a própria vida... Porque tenta matar
O sentimento mais sagrado
Que neste mundo existe:
Que é a essência da vida, é o que resiste
Às intempéries de cada estação...
Quando se diz “Adeus” é a voz que fala...
- Mas não o coração!...