Um Poema de Amor
O teu nome é o diálogo possível
Na secreta intimidade da memória
Ampara-me o olhar em tua ausência
Espreitando a tua presença evidente
Envolve-me a solidão do lembrar-te
Como se o pensamento abrisse os braços
E pudesse aconchegar-se em teus abraços
Atravesso o horizonte da manhã
E volto-me repetidas vezes ao céu e a terra
Traçando o rumo amaro da tua falta
Vive em todos os meus silêncios
Cada instante que foi esquecido
Na ante-sala de todos os meus sonhos
Escuta-se em meu corpo
O sussurro do desejo não consumado
O beijo apenas imaginado
E chamo o teu nome com a convicção
Do amor que se entrega a eternidade
A saudade ensina-me a encontrar-te
Surges no princípio dos meus versos
Alinho o olhar à minha espera
E desfazem-se os passos da solidão
Fito-te com o tato dos amantes
E todos os gestos ousam a entrega
Hoje o desejo das minhas mãos
Escreve em teu corpo
Mais um poema de amor
© Fernanda Guimarães