Poema 0702 - Em um bar
A fumaça espalha sobre meu copo,
como a saudade que me invade,
peço mais uma dose de paixão,
estou triste, me sinto no fim do mundo,
meus olhos têm um brilho estranho de água.
Voltem com meu amor, devolvam-me,
não importa que a noite está quente,
quero a paixão no peito, onde deveria estar,
nas mãos um copo vazio, como meus braços.
Toquem uma música qualquer que me lembra ela.
Em meus delírios sinto sua mão em meu rosto,
um pedido para que fique mais uma hora,
enquanto a música invade meus pensamentos,
a letra diz: ''o amor faz falta mais esta noite'',
não sei o nome da cantora, lembro apenas o seu.
Deixa que apaguem as luzes, fechem as portas,
não vou embora quando a madrugada acabar,
quero ficar até o sol invadir a janela,
preciso me sentir preso a mais alguma coisa,
não só aos desejos que esta noite me nega.
A pista está vazia, a música está em silêncio,
ainda ouço sua voz em meio aos pensamentos,
um acorde em um violão quebra meu ritmo,
volto meu corpo e vejo uma silhueta de mulher,
um copo na mão, um cigarro na noutra.
Arrasta a cadeira para entre suas pernas
e toma um gole de um líquido misterioso,
parece que a noite recomeça, a música volta,
o batom vermelho parece fazer seus lábios soltarem,
a voz tem um tom doce, as mãos se tocam, os lábios...
Preciso outra dose de esperança, sem gelo,
quero a quentura do amor que ficou pra depois,
os carinhos que arrastam meu corpo pela madrugada,
os olhos gulosos do brilho da felicidade,
meus braços e seu corpo entremeiam a paixão.
Não importa se já é dia ou ainda é lua,
esperei milhares de anos e uma noite qualquer,
sonhei tudo que um solitário imagina,
até a música decorei para quando ela chegasse,
estou sem voz, meus gestos não fazem sentidos.
Não importo com a vida, se a tenho nos braços,
meu copo continua vazio, agora de solidão,
a noite vai a seu ritmo lento, como eu,
toco seu corpo devagar, o beijo, os cabelos também,
ofereço-lhe um gole de paixão, bem-vinda ao amor...
25/05/2006