Última Estrêla
Enquanto a última estrêla
Teimava em resplandecer
Numa luta interminante
Com o brilho do sol ao nascer
Tristemente eu te olhava
Assistindo ao teu sono sereno
Ao ressoar num canto suave
Os teus quietos sussurros ao repousar
Admirava os teus sonhos mais belos
Culpei-me por um segundo
Por invejar o descanso estagnado
De um anjo assim deitado
Envolto numa luminosa decadência
E a música a cada instante
Mais sublime soava
Por um toque infiel de melancolia
Que em meu peito se misturava
Como te quis!
E te abandonei
Num só pensamento
Ergui meus olhos aos céus
E a linda e teimosa estrêla
Já havia partido
E todo o forte calor do sol
Se expandido
Diminuí
Apaguei-me diante aquela luz
Tão intensa
Voltei meu olhar para o teu corpo horizontal e inerte
Mas o teu sonho
Ainda era o mesmo
E a tua beleza angelical
Fugia de minhas palavras
Estonteada por tanto encanto
Caí num sono leve
Nele busquei minha última estrêla
Subitamente invadida
Pelo envolvente ardor
De teu sonho
Sol
Imenso!