Um abraço em flor

No recôndito dos seus anseios

No suspiro de seus devaneios

Levantava-se a doce donzela

E mirava o jardim da janela

Borboletas borboleteando

Flores meigas e, de quando em quando,

Beija-flores sorvendo as doçuras

Horizontes, os montes, alturas…

E era além, muito além, que fitava

Era alguém que seus sonhos sonhava

Seu olhar ao baixar pro assoalho

Se cobria de um tênue orvalho

Mas o ar ao redor benfazejo

Entendendo seu terno desejo

Transbordava o vapor sem demora

Ao encontro das flores de fora

O perfume sublime e molhado

Para as pétalas dava o recado

E as flores, as folhas e a hera

Enfeitaram-se de primavera

Docemente acolheram seu pranto

Estendendo um puríssimo manto

Sem poder abraçar a donzela

Abraçaram-lhe toda a janela.