ODE AO PRAZER
NALDOVELHO

Minha boca, sua boca, lábios calados, molhados,
línguas trocadas, mãos ocupadas.
Caminhos diversos operam milagres.
Minhas mãos em seus seios,
as suas mais ousadas.

Onde estarão minhas pernas?
Serão estas as suas pernas?

Um impulso incontido de procurar um abrigo,
um buraco, um fenda, uma greta, o perigo.
Um desejo confesso de me afogar em seu colo.
Não são palavras, são grunhidos!

Lentamente eu me exponho, desafio a peçonha,
desobedeço a fronteira, só para ficar impregnado
e reter em mim o seu cheiro.

Quero me redimir no pecado da adoração ao seu cio,
quero renunciar as cobertas, ao escudo e a armadura,
quero ficar desprotegido e aninhado em seus seios.

Quero o desatino do orvalho que brota
dos seus mais noturnos recantos,
quero a vergonha de lado, pois já nem sei mais
de que lado eu devo ficar?

Se do lado de fora a saborear os detalhes,
se do lado de dentro entranhado em você.

NALDOVELHO
Enviado por NALDOVELHO em 28/05/2009
Código do texto: T1620515
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