AUSÊNCIA
A tua ausência me faz poesia.
Não a poesia do verso, da forma,
Não a lírica que se sustenta em rima,
Mas a poesia que por dentro transforma
Alto-astral em baixa estima.
No equinócio de setembro não mais há estação
Levaste as flores
O cromatismo das ervas
Levaste o sol
A tua ausência é uma voz noturna
É um sujeito indeterminado
Dentro de uma oração profunda
De um suplicante afortunado
Deixaste dentro de mim
O verbo “levar”
Antes, os meus olhos eram horizonte
Hoje, Olhos conjugados e tristes no presente
A tua auséncia é atemporal
É um verso de amor
Sem ponto final