Poema 0700 - Voar, apenas voar!
Quero voar, preciso voltar a voar,
sentir o vento atravessando a pele,
o corpo furar o céu,
a carne queimar como se fosse prazer.
Preciso sonhar mais vezes,
falar alto, dizer palavras sem pensar,
sentir a mão longe dos olhos,
enxergar além do corpo, da alma, da paixão.
Vou nadar, cortar as ondas com minha cabeça,
furar o destino até vazar os desejos,
separar a água do sal, o amor dos não(s),
até aportar em uma tal felicidade.
Sou um homem aparentemente comum,
minhas histórias são como sonhos,
meus sonhos são vida que não passa,
como a névoa que volta toda manhã de inverno.
Quero ser amante, não apenas amante,
vou doar, receber, fazer ser especial,
não só ao corpo, no prazer na cama... a alma.
Não preciso lágrimas, preciso do sim.
Tomo outras mãos entre as minhas,
deixa que os olhos sequem as tristezas,
os dedos apontem apenas à frente,
ao mundo aberto aos meus passos largos.
Deixo minha boca ir na direção d'outra,
fica o sabor no sorriso que me beija,
as marcas, metade em cada peito que ama,
para que guarde até um dia, até amor...
Então voltarei a voar depois das nuvens,
vestirei a paixão que sonhei um dia,
não tomarei as vontades à força,
amarei como quem deseja ser mais que amante.
24/05/2006