EU QUERIA UMA POESIA
Eu queria uma poesia...
Sobre os segredos da vida
Como supõe-se em termos
A razão da Filosofia
E então a dúvida de um poema
Fosse apenas a descrença
Desse saber ébrio
Queria entender porque o Sol
Me entristece quando se põe,
O porquê desse viver a admirar estrelas
E astros quais não posso
Apalpar...
Justamente.
Meus pés querem sentir a areia
E meu corpo lançar-se ao Mar
Pois os ventos sopram em meu
Rosto
E apesar de não vê-los
Como vejo os luares,
Posso sentir a brisa, todo encanto
Não. Não fogem aos meus olhos
Apenas o horizonte fugidio
Faz-me nascer da poesia
Dizendo dela coisas fatais
Traduzindo-me etéreo
Numas linhas banais
Eu queria somente uma poesia
Que me contradiga
Que me seja paradoxal
E num frênesi
De poucos atentos
Apercebam-se na vida
Este encanto...
De amar todo o brilho estelar
Que abrolha antes do alvorecer
Que fenece ao romper da aurora
Que desdiz o que acabei
De num surto maluco, dizer...
Eu queria, queria teus olhos fulgentes
Tão calmos como este poema extático
Eu queria o encanto
Dos pássaros,
O sorriso preguiçoso dos bosques
Verdejantes
E o siso rubro ártico
Desse infindo arrebol
Queria jaçanãs e jacarandás
O aroma doce das rosas
E por fim, queria uma poesia
Que discretamente terminasse
A dizer do amor infinito
E da afeição eterna...
A falar dos teus suaves beijos
Somente isso porque te amo e assim
No ensejo destas palavras
Queria uma poesia que findasse
A expressar a vida e meu amor
Sim... Queria apenas uma poesia
Qualquer uma que fosse bela
E que eu pudesse entregar ao meu amor