Corações no vitrô!

Meu Deus! Tanta chuva esse ano!

A janela do meu quarto é meu sítio.

Daqui fico a olhar, entristecido,

As folhas e os pingos caindo,

Como minha fé nos seres humanos!

Fico a brincar com o vidro embaçado

Arriscando desenhar pequenos corações.

Paro. Fico olhando, olhando e apago.

Arrisco um esboço novo, excitado,

Mas parecem gatos os dois leões...

Choro. Cubro o meu rosto com as mãos.

Arrisco novamente um novo desenho.

Assopro. Dessa vez faço um só coração.

Soletro e escrevo teu nome lá dentro.

Fico a pensar em minha amada... Meu bem...

Olhando profundo o coração no meu vitrô.

Coitadinho! Não cabe nele o meu amor.

Mas ficou alargado. Ponho meu nome também!

Não ficou estético nem correto. (é que tremi)

Nem poderia. Como não ficou a caligrafia.

Esqueci do acento que seu nome tinha no “i”

E que sempre após a chuva raia um novo dia!

Gil Ferrys
Enviado por Gil Ferrys em 27/05/2009
Código do texto: T1618365