O DIZER DO CORAÇÃO
Queria tanto te dizer algo que expressasse o que sinto.
Não palavras como as dos poetas, cheias de poesia;
Como as dos apaixonados, cheias de doçura,
Ou como as melodias, cheias de primavera.
Mas algo com que pudesse dizer-te simplesmente o que sinto.
Não como sentem os amantes ao cheiro da carne,
Como sentem os bêbados, embriagados pela paixão,
Ou como se sente nas serenatas, que embalam os romances.
Porém, uma palavra que simplesmente revelasse o que sinto,
Como dizem os loucos, que já disseram tudo em atos;
Talvez palavras desconexas, mas sinceras, como as dos apaixonados,
Ou como as melodias dos andarilhos das ruas dos sonhos
Gostaria mesmo, queria muito, somente eu sei quanto,
Chamar-te: flor! e assim dizer tudo o que sinto,
Dizer-te: canção! e encantar-te até o sol do outro dia.
Queria te dar uma flor e prender-te pra sempre,
Te dar meu amor e jamais perder teu sorriso,
Mas vivia tentando inventar-te, como quem toca um violão;
Querendo encontrar-te, como quem segue um caminho,
Achar-te em lugares, como quem acha uma agulha,
Num canto qualquer, num palheiro da vida, da história.
E achei-te, por fim, ai, nesse mundo que não é meu.
Esperava sinceramente dizer-te somente o que sinto
Se sinto, o que vai e vem no embalo dos meus passos;
No caminho em direção ao desfecho do meu drama:
Da vida que vivo de sonhos e o que quero e espero.
Não queria muito de ti a não ser teu pensar em mim.
Não mais do que tua presença, sem idas nem vindas.
Queria apenas dizer-te algo para te fazer parar,
Apenas uns passos na estrada que segues na vida,
que, sei, talvez seja feliz.
E gastar um minuto, uma hora qualquer, uma eternidade, talvez,
Dando sentido à história da minha vida.
Um pouquinho, um tesouro, um dia, uma eternidade qualquer,
Talvez só alguns sorrisos diários, e eu seria feliz contigo e por ti.
Wilson do Amaral