DIZÊNCIA

De onde vêem os risos gelados

que fazem a lua mergulhar

nas sombras movediças

das avenidas vazias?

Os órfãos da rebelião dormem

ao longo dos edifícios

que esperam o nascer do sol

para contar as riquezas

troianas

dos que se perderam na floresta

As vestes do herói estão manchadas

pelos gritos dos inocentes,

na periferia quem tomba

não sabe - a trombeta

anuncia punição e sofrimento

Anjos chamam a atenção dos infiéis

mas como conter um menino

numa época de luxúria e vício

dominando a miséria?

Ainda assim venho te amar,

coberto pelo manto dos conspiradores

surjo na escuridão e da cavalgada

das lendas, para afundar no teu sexo

o destino solitário de quem só entende

a dizência do deserto

porque a hostilidade

é fruto da ausência da mulher