Tu me Multiplicas: Me divido Contigo!
Eu que sempre amei tanto a palavra
Incondicionalmente desde analfabeto
Quando as admirava muito inquieto
Tentando descobrir em cada Lavra
Mesmo sem saber o que significava
O sentido que faz a vida viver
E a falta dele que nos faz morrer.
Notava em cada uma que eu não lia
Embora já soubesse muito bem as ler
Que já sentia que a “vida” não existiria
Sem o seu sentido que é “morrer”.
Descobri quando admirava a “tristeza”,
Quando alguém me atrapalhando apontava,
Que na mesma linha em que ela estava
Repetiam-se outras de maior beleza.
Assim, desde cedo fui tendo a certeza
De que a cada feia que eu encontrava
A Língua bondosa sempre presenteava
Com muitas mais lindas para compensar
Como ontem morrendo eu me encontrava
E gato de oito vidas, hoje, todas pra te Amar.
Quero ser: de terra na primeira já
Pra te alimentar Querida! Minha flor;
Quero ser no inverno teu frio de calor
A erva-remédio que será o teu chá
Do capim-cidró, que era um caraguatá!
Na segunda quero em água cristalina
Escrever teu nome de forma hialina
Porque eu sei que ela jamais terá fim
E quando meus olhos o lerem, Menina!
Na água tatuado na imagem de mim
Saberei que é hora de cambiar de vida
Pois me deste muitas eu sou teu felino
E nesta terceira quero ser menino
Pra podermos dar nosso primeiro beijo
No melhor recreio do Amor-ensino.
Só por isto eu pago com uma vida inteira
E vou galopando tranqüilo pra quarta
Porque na anterior a ternura foi farta
E reafirmando os ditos da estrofe primeira
Que não há manhã sem tarde derradeira
Eu percebo agora que não há mais morte
Porque a Língua sábia me deu esta sorte
De encontrar em ti a Paz do Amor Amigo.
Por isto é que faço nas oito aqui um corte
Que as quatro que restam divido contigo.
Pra girarmos as horas no ciclo contrário
Bebendo nas voltas o imaginário
Do tudo que o tempo prendeu na nascente
E que as nossas vidas sejam o estuário
Dos rios de Amor que ele guardou prá gente.