Brumas do pensamento
Imobilizando gestos de carinho, eternizando cada afago na alma, na pele ainda permanece a fragrância de Anis entranhado, somos escravos martirizados pelo tempo, entre acertos e erros.
Sondando o vagar dos olhares penetrantes, sons que a mente traduz em versos, aromas de flores do campo, exalam no acarinhar das palavras.
Em poemas abraçados, pensamentos cruzados invadem e desorientam, criam segredos e desvendam mistérios, perfumam as essências vivas dos amores, exploram as lacunas dos corpos, desvencilhando seus medos.
Nas juras que não se findam, no fitar encantado dos amantes, num fim de tarde qualquer...
No cantarolar elegante dos pássaros fazendo seresta para seus amores, rajadas de cores na aurora que desponta, pingos de chuva mistura-se entre suores, escorre mel do favo, doce sabor de beijos roubados de enamorados.
Meu pensamento corre arrastado pelo vento, em rosas orvalhadas pelo sereno da madrugada, vejo-me sentado a beira da calçada, admirando os passos apressados.
Infiltro-me nas sensações, no pulsar dos corações sou atuante, meus versos, são melodia dos amantes, deslizo sobre os arrepios, transporto-me entre a fantasia e a realidade, num piscar de olhos.
Sou grito de emoção, no topo da montanha, feliz com a façanha desprovida, me enlaço no calor do abraço, no amarfanhado de minha alma, sou remanso de águas claras.
Frio passa diante da espinha, recordações em cartas marcadas, revelações diante da vida...
Brasas acesas, a chama do amor arde feito sarça no deserto, açoites do coração estatelado, amor entrelaçado na bruma do pensamento.
Escrito
24.05.2006
Por Águida Hettwer