Esqueceste de mim?...
Esqueceste de mim?... Não ouço tua voz ao telefone...
Não me escreves mais, como antigamente...
Emudeceram os Anjos?...
Ou meus ouvidos ficaram surdos
E não percebo mais as canções de amor
Que vinham no vento
E acompanhavam teu beijo?...
A Lua, solitária no céu,
Desnuda,
Chora...
E suas lágrimas se tornam
Em chuvas de estrelas...
Aqui, ainda sonho...
Minhas lágrimas não cessam de rolar.
É um choro mudo, sem ruídos,
Sem soluços...
Esqueceste de mim...
Talvez... Por certo...
E eu te dou razão...
Porque trocar a vida pelo incerto?...
Aqui deu-se o inverso:
A Borboleta se encerrou no casulo
Como feia lagarta.
Meu destino está lançado!
Tu me esqueceste
E, como não vivo sem ti,
Estou fadada ao deserto...
Desaparecer sem deixar rastros
Ou lembranças...
A tempestade de areia irá apagar tudo...
E serei como Agar*... Sem rumo certo...
Que os Anjos tenham pena de mim
E me encontrem
Neste deserto sem fim...
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Nota da Autora: alusão à Agar, personagem do Velho Testamento, mãe de Ismael, e que foi mandada para o deserto com seu filho, para lá morrer. Mas Deus enviou-lhe Anjos e Ismael tornou-se também, da mesma forma que Isaque, pai de uma grande Nação. Ambos eram filhos do Patriarca Abraão.