AO "GRANDE ESPÍRITO DA MAHIKARI"

Os doces galopes

Sobre a úmida alfombra das coxilhas de madeira

Dos verdes pastos e varzedos envernizados

Adormecidos sob o manto branco do silêncio frio

Quando ainda é cedo e ainda deita o gado

Algodoal de água em destrançado fio por fio

Como cada um pequeno rio correndo lado a lado

No sentido do céu levados pela mesma febre

Que acomete os corpos já sem pulso levitando suas brisas vitais

Em vapores de pura e única nuvem de história

Que finalmente choverá em outra dimensão

Brotando em pastos que não serão ruminados nem pisoteados

Ou em maravilhosos jardins de flores intocadas e perenemente abertas

Num absurdo ciclo de uma fase só, porque não há mais perecimento.

Nem gados para pastar ou pássaros-insetos para beijá-las

No injusto paraíso separatista criado pela louca razão humana

Que condena os reinos naturais interagentes e todos vivos a regiões diferentes

E sob a escuridão de lógica proveitosa para si, quer que as abelhas do limbo Sem poder entrar no éden produzam os rios de mel tão prometidos. Puras projeções deste mundo onde querem que sobrevivam homens sem acesso ao trabalho.

Um quase mudo trote

Não seja pelo tilintar das gotas de orvalho

Como miles de transparentes pérolas de diamante

Aspergidas pelo movimento cuidadoso dos delicados cascos

Que por onde passam e pisam deixam apenas as marcas

E os leves sinais datilográficos da sua eterna estrofe

Dos quatro versos monossílabos de riquíssima e alternada rima

Que têm carregado alegres as cargas de tantos sonhos humanos

Os infantis quando nos permitiam pensar que já éramos homens feitos

Como os da velhice sem resignação, quando somos oniricamente guris.

A parada

Desmontado ao lado da incomparável e superior companhia

Ambos desenfrenados e desencilhados de tudo que nos aperta o coração

Simplesmente para conversarmos na linguagem cósmica dos puros

Que comunica como vasos etéreos todos os reinos materiais e espirituais

E permite a prosa entre o pasto e as pedras; a terra e o sol; as parteiras e as cruzes.

Esta forma de ligação perfeita é a única que harmoniza tudo o que existe

E permite aos poucos índios, urbanos ou não, que ainda a conservam

Ouvir o que têm a nos falar de amor os nossos desinteressados irmãos de natureza; que não degolam as cabeças humanas, dos rostos mais lindos, para colocar de molho em vasos de formol, como fazem os outros com as flores, sem saberem que não se demonstra Amor com defuntos vegetais e que não são as formigas que estão no lugar errado.

O lento e inebriante sono

Mirando e guardando nos olhos as estrelas do dia

Para enfeitar o mundo melhor que todas as horas habita meus sonhos

É o acorde final que quero para a milonga que ouço a pedir socorro

Aprisionada pelo aço e a madeira daquele velho violão que o Papai Noel esqueceu

E pelas fibras de carne de meu endurecido peito que não conseguia expressar o que sentia por ela

E que, hoje, quer desesperadamente libertá-la através da passagem que abre

Ao despedaçar a alma e oferecer à milonga os milhões de doloridas pétalas

Desta flor de fogo quase brasa-morta que teima em boiar sobre o lago de cinzas

Cercado por todos os lados de menos lembranças doces do que mais presenças de sabor ausente.

Por isto a solto e desprendo desta pesada carreta que já venho rangendo

Em agradecimento a toda luz que tem trazido aos ouvidos do meu espírito

Esse milagre sonoro através do qual oro... E posso ouvir as respostas de Deus...

( Este eu dedico à Grande Alma de uma Mulher que se reconhecerá neste texto, porque foi ela que generosamente me ensinou tudo o que aqui foi escrito. Não cito o seu nome porque ela e a mais Linda de todas as Mulheres que meus olhos já viram e tenho medo de que inventem de cortar sua cabeça e colocar no formol, só para admirá-la. Muchas Gracias! Iluminada Senhora do Meu Coração!)

Aldo Urruth
Enviado por Aldo Urruth em 26/05/2009
Reeditado em 26/05/2009
Código do texto: T1615059
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