De como Amar a uma Estrela
Amá-la intátil mas sentindo dor
Beijando beijos com lábios de luz
Abraçando o espaço do universo-cruz
E cantando mudo os cantos de amor.
Em anosmia farejando o medo
Que marca ácido o tronco da língua
E o da ausência paladar azedo
Que fere sangra dói e mata à míngua
Desesperado e ensurdecido dela
Aprisionado na dos anos cela
Contando dias implorando ao tempo
O cumprimento que não acelera
Da “Paene” perpétua pena tão comprida
Das injustas velas que tem pra apagar
Pedágio caro que nos cobra a vida
Se nos perdermos na estrada do amar
Como uma rosa que sobe a montanha
E se conserva morta no lençol da neve
Ou navegando em sonho-barco leve
Quando a onda-fera do tempo o apanha
E a mesma mão que o leme não alcança
Também não pode tirá-la pra dança
Mumificaram os gestos sedutores
E o seu “tambor” apressa os remadores
Que remam e remam no barco bufão
Mas a nau medrosa não sai do lugar
Perdendo as forças remam o tempo em vão
A história madrasta não quer navegar
Enfuna as velas com as brisas calmas
Desrumando a vida pra rota das almas
Dorme sonhando na macia alfombra
Se embriagando com a espera a ela
Reza que desça de sua passarela
Para alumiar à iludida sombra
Que canta ao astro seus cantos de longe
E a segue amando como a vida quer
Amando à Estrela com amor de monge
Até que um dia amanheça mulher