Entre o Amar e o Pensar

Até onde a vontade do coração
deve dominar o cérebro?
Confronto na intimidade.
Nesse momento prevalecem os sentimentos.
Enfurece-se, alimenta a autocrítica, 
tem raiva de si.
Tantos músculos à sua disposição
e ver-se à mercê da fragilidade.
Irrita-se contra a porta,
tem vontade de chutá-la, incomoda-o.
Não quer esperar mais,
não quer ser subjugado por expectativas.
Fecha os olhos,
conquista coragem
com toda urgência possível.
É vital abandonar
as escravizantes lembranças.
Se não esquecê-las,
ao menos fingir que o fez,
ordenando de forma imperativa,
criando indiferença
ante aquilo que julgava ter
tanta importância.
Ganhando segurança
e auto-estima para juntar
os seus pedaços.
Mutilando as emoções,
mas desenhando no rosto
um sorriso convincente.
Erguendo-se num salto da cadeira,
acendendo as luzes, dissipando as trevas,
fugindo da solidão,
saindo como que em busca
de nova conquista,
mas percebendo que de fato finge,
que em verdade a procura,
tentando apenas ajudar o acaso
a promover o reencontro
com quem no momento é separação.

Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 24/05/2009
Código do texto: T1612105
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