Corações Feridos
 
Corpo e espírito
por vezes mostram-se contraditórios. 
Somente isso pode explicar 
tamanha dualidade
num mesmo ser,
que se vê dividido
pelo desejo e vontade.
A rebeldia do corpo 
que está satisfeito
com as reações
da sua química biológica,
que quer domar o espírito.
Algo de primitivo,
quase irracional.
A necessidade emocional
querendo desvincular-se
dos auspícios da razão.
O rebelar do coração,
a sua agitação intensa
em batimentos descompassados
denota o desequilíbrio,
cria desconforto no corpo
que irrita a alma..
Como não temer
a falta de controle? 
Como não ter medo
das tolices da impulsividade? 
Como não incorrer em enganos? 
Daí o desatino, a preocupação 
com um certo proceder, 
com a atitude a ser tomada.
O rosto está estático, 
tem a feição de um  nocauteado
que se mantém teimosamente em pé. 
Atropelando e tropeçando, 
indo aos trancos e barrancos, 
assombrado por gestos rudes.
A atração transformou-se em tensão, 
perdeu flexibilidade.
Criou-se uma forte oposição
entre quereres diversos,
num mesmo e único ser.
O que há pouco parecia
desejo de realização, 
se verte em sonho, depois fantasia. 
para por fim ser mera ilusão
a se dissipar nas horas perdidas
dos corações feridos
que se fazem de distraídos.

Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 23/05/2009
Reeditado em 18/10/2009
Código do texto: T1610990
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