Cartinha
Ontem eu fechei os olhos fechados e vi
Quando chegastes, sem ter partido, aqui.
Meu coração que não sabia taquicardiou
Quando a tua Alma, sem sair, me adentrou.
Foi no momento do encaixe das energias
Mas são normais estas gostosas arritmias
Porque a tua forma veio toda atomizada
E a minha estava,em parte. materializada
É sempre assim quando se dá este processo
E para o enfeixamento ter total sucesso
São precisos os movimentos da matéria
Para bem receber a visitante etérea
Mas não é sobre isto que eu quero falar
Eu gostaria mesmo é de poder te contar
Sobre o que sentiu minh’Alma na visita
E do quanto a tua a mim foi tão bendita:
Ela veio, como é, em ondas de harmonia
Que a minha desorganizada tanto precisava
A fez, noite negra que era, explendoroso dia
Quando a tua vibrou intensamente que a amava.
Como foi maravilhoso te sentir no pelegão
Descansando da boa e generosa viagem
-Nem consigo descrever fielmente a imagem -
Para acender o fogo do meu gelado coração.
A minha se esforçou e esmerou demais
Serviu o chimarrão de erva ainda não nascida
E entregou, em átomos minerais, flores potenciais.
Ela te esperou com exclusivas formas de vida
Colhendo frutas que jamais serão colhidas
Servindo-te o leite ordenhado da vaca-láctea
Por Almas indianas a dedo de Buda escolhidas
Para celebrarmos a nossa luzidia aliança páctea
A minha sentiu prazer no prazer que sentias
E ficou muito mais feliz ainda ao te entregar
Os mais gloriosos e iluminados do futuro dias
Apagando as sombras dos que acabam de passar
Porém, o êxtase, mesmo, veio quando a tua
Tirou as roupas de energia e lindamente nua
Desnudou também a minha e a tomando pelo braço
A levou aos estendidos lençóis do espaço
Para acamarem-se no infinito prazer, em chama.
Ah! Que maravilhosa sintonia quando a Alma Ama.